1) um simples hobby ou terapia;
2) somente um aprendizado básico e superficial, sem compromisso e comprometimento com qualidade, para se apresentar em qualquer lugar que aparecer;
3) um complemento na sua forma de ser mulher;
4) tornar-se uma grande profissional (digo "grande", porque aqui não existe meio-termo; ou opta por ser "grande" ou não será uma profissional, ao longo dos anos - vide item 2).
5) um ser sublime, digna de tornar-se uma lenda ao longo das décadas; (neste caso, trata-se de uma "escolha de vida").
Definido isso, você começa a pensar quais os próximos passos a seguir.No caso de ser uma escolha para o profissionalismo, muitos fatores devem ser observados. Lembre-se que isso envolve você "viver da dança". Então como querer colher algo que você não planta? É insano querer viver do resultado financeiro de shows e aulas, sem investir grande parte dele. Você estará se auto-consumindo (o que ganha, gasta tudo, ou paga contas). Se você vive essa situação, necessita mudar o sentido e a atitude com relação à dança.Se sua fonte é a dança, você precisa cuidar para que sua água esteja sempre potável e haja fartura e abundância. Se entra em cena pensando quanto vai ganhar ao final, escolheu o caminho errado. Quando você dispõe sua arte, num lugar que não lhe oferece o mínimo de respeito, sem iluminação apropriada para dança, com garçons circulando e servindo bebidas durante o show, sem lugar para aguardar sua entrada ou se trocar, literalmente jogada as traças...como enxergar seu posicionamento em relação a esta dança?Quando o cachê é seu único motivo, e nada mais importa, o que você oferece deixa de ser arte. Que nome poderíamos dar a esta atividade? Não sei como colocar de forma delicada essa comercialização além dos limites.Por vezes sinto que penso através das mulheres que conheço dentro da dança, e aí, tomo por exemplo, aquela que tenho comigo há muitos anos. Sei que a Lulu até pode se apresentar sem remuneração se a causa for algo maior, mas tenho absoluta certeza de que ela respeita o que faz suficientemente para exigir o mínimo, quando alguém lhe contrata para mostrar seu trabalho. A dança devolve a cada bailarina exatamente o que esta oferece a dança. Respeito se paga com respeito, amor com amor, mediocridade, só casa com mediocridade. Pense cuidadosamente a respeito de suas expectativas e peça aquilo que realmente deseja, pois seja lá o que for, isto virá as suas mãos.Quando digo para uma bailarina, que ela deve investir em si TODOS OS DIAS, muitas nem sequer sabem ou imaginam a abrangência disso.Existe um longo trabalho, se você fez a opção de tornar-se uma grande bailarina. Desde seu preparo visual (roupas finas, adereços elegantes, seu manto (abay) para quando não estiver em cena, maquiagem de boa qualidade, ...), imagem (construção de seu personagem - postura, gestos, elegância-, fotos - sempre melhorando e atenuando as falhas da sessão anterior -, propaganda pessoal - delicada e sem exageros...), ferramentas de trabalho (desde sua mala, objetos cênicos, CDs - de todos os gêneros e o mais variado possível -, vídeos para estudos, DVDs, livros e apostilas, impressões por Internet de pesquisas realizadas, tudo catalogado para facilitar a busca quando necessário...), conduta profissional (manter-se sempre cristalina; ser uma grande observadora das demais condutas, filtrando o que não é compatível ou não demonstra nível a altura de seu profissionalismo). Tudo isso, nunca é o suficiente pois você estará sempre em mutação. Conheço bailarinas que possuem uma década de dança ou mais, e que só fizeram uma única seção de fotos profissionais até hoje. No máximo duas. Como é possível isso, se seu rosto muda a cada 6 meses na dança? Teoricamente, a cada ano, você precisa fazer novas fotos profissionais. Se é caro? Não é este o caso. A questão é que "fotos funcionam". Elas divulgam você. São um termômetro de sua evolução visual.Como pode uma boa bailarina, ter uma pasta com apenas 50 unidades de CDs? Esta é sua ferramenta mais preciosa. Ao longo de anos, precisam haver centenas. A possibilidade de opções e o domínio de uma miscelânea musical a tornam consistente, confiante. Se mesmo assim, você diz, é caro... me desculpe!Você pode ter algumas predileções musicais, mas deve conhecer um pouco de cada estilo. Negligenciar o estudo de alguns estilos por "não gostar", é inaceitável do ponto de vista artístico. Fará falta em algum momento de sua carreira, pode ter certeza. Dance de tudo e varie sempre seu repertório; novidades sempre aparecem: esteja pronta para adquirir quando elas surgirem a sua frente.Ninguém aprende sozinho. Achar que isso vai acontecer com você é infantil e uma viagem astral sem precedentes. Como alguém pode ensinar-se a si mesma, sem ter parâmetros para delimitar seu crescimento ou evolução? A resposta é que ninguém evolui só. Já viu alguém crescer sozinho em uma ilha deserta? É imaturo dizer que aprende só, da mesma forma que sua dança provavelmente será imatura, pois ninguém poderá corrigir seus erros. Será sempre a mesma coisa, anos e anos.Não é suficiente dizer: "É, mas eu fiz os Workshops da Fulana, Beltrana e Cicrana...". Isso por si só e isoladamente, não trás os resultados que você procura. É preciso muito mais... "Em quanto tempo vou me tornar uma boa bailarina?" Só você poderá dizer isso. Seu senso crítico vai dar a resposta a cada apresentação. E isso, pode ter certeza, se conseguir manter sua humildade, vai acirrar muito em você. Copiar, todas copiam. O problema é quando copiam mal. De forma grosseira. Sem talento. Aquela atitude de colar um trabalho completo, como se via na escola. Nem uma única palavra pessoal. Igual como encontrou num livro escrito por alguém. Onde está seu toque pessoal?Já parou para pensar quão extenso é seu repertório de movimentos?Se ele for suficiente para preencher, no máximo, cinco minutos de uma música moderna, um solo de percussão, e aquelas danças mais comuns, significa que a estrada está só começando. Dançar de forma coreografada idem. Experimente dançar em casa, uma música clássica elaborada e completa de 10/12 minutos, e veja como pode criar o melhor de seus movimentos. Agora tente outra música clássica, com mais ou menos o mesmo tempo, e procure não repetir as mesmas sequências de movimentos. Como ficou? Se você acordou do sonho e tomou um susto, é um bom sinal. Existe muito o que caminhar e agora não é momento de pensar no que foi, mas no que vem. O maior erro incorrido por todas as bailarinas é serem superficiais no aprendizado e acharem que mesmo assim, vão chegar a grandes estrelas (dignas até de empinar o nariz!). O que adianta dizer que tem 10 anos de dança, se em suas apresentações, o que se vê em seu personagem, é aquela mesmice de sempre. Sem evoluções ou criatividade. Aquele show sem aura. Uma coisa comercial, que não tem alma ou nunca teve. Uma dança homogênea é aquela previsível, que nos primeiros 60 segundos, sabe-se o que vem até o final da apresentação. Fica apenas naquilo. Não tem picos, momentos especiais, efeitos surpresa, expressão, emoção, carisma. Finalização fraca, enfim... carente de correções.Duro seria perceber que talvez tudo isso que você sempre pensou que tivesse atingido, sequer não passou da superfície e sua dança é a mesma das salas de aula 1,2,3,4 para cá, 1,2,3,4 para lá, básico egípcio e básica como sempre. Se você foi além e sua dança atingiu uma característica própria, o quanto ela evoluiu e passou por fases ao longo dos anos? Ou permaneceu a mesma dos cinco primeiros?Não que isso não ocorra dentro da Khan el Khalili. É que lá, cada vez que acontece, procuramos na medida do possível, falar diretamente a cada uma, mesmo que este tipo de crítica construtiva não seja bem vinda por muitas. O tempo e a distância, mostram a cada uma, que isso tem sentido ao longo dos anos.Ninguém é autodidata em dança oriental... todas aprendem umas com as outras, só que a humildade de cada uma, faz com que reconheça, com orgulho, a maternidade de seus movimentos e também de conhecimentos. É uma questão de maturidade profissional. Quando se é menino, tem aquele negócio de "o meu é maior que o seu". Quando se é bailarina isso é revivido em todas as fases: "eu danço melhor que ela (minha dança é maior que a dela)". Mas todas podem brilhar, cada uma à sua maneira. As características da dança, para cada uma, são infinitas. É uma questão de assimilar o máximo de facetas possível. De estar sempre evoluindo.Quando me perguntam: "Quem, para você, é a melhor bailarina?" Sempre respondo: "Existem muitas boas, cada uma com seu brilho especial, sua forma e características ímpares; só que poucas são melhor preparadas, em função do estudo que empreendem diariamente! O resultado retorna na medida do seu investimento em si mesma, e também... na medida de seu merecimento! (é aqui que entra a questão da conduta profissional, do doar-se, do personagem cristalino, sem duas faces)" Temos muitas grandes profissionais. Lendas na dança no Brasil, posso dizer que, por enquanto, ainda preenchem somente alguns dedos de uma única mão. E espaço para isso, tem!Seu sucesso como bailarina, está em fazer as escolhas certas! Ao contrário do que se pensa, o aprendizado não para. Nunca se está preparada. Quem não estuda e não procura novas fontes, fica estagnada no tempo: fossilizada. É um erro achar que o que você aprendeu nos últimos 10 anos de dança, valem para sempre. O que funcionava há 10 anos atrás, hoje é apenas o superficial, a primeira camada, só a ponta de um grande iceberg.Não é a sorte que determina se você vai ser ou não uma grande bailarina. É sua "atitude" de todos os dias!O que você pretende para seu futuro profissional? Ser uma estrela ou um engodo? Sua decisão de agora, será o resultado de seu amanhã. Dependendo de sua escolha... ESTUDE MUITO, E SEMPRE!