quinta-feira, junho 15, 2006

SEKHMET - SENHORA DAS FERAS


"Eu queimo e solto fogo
e arremesso dardos dos meus olhos
Eu estouro e rujo
minhas arestas são afiadas
e eu corto fundo
minha energia é forte e fogosa
e meu desagrado
tem de ser manifestado.
Embora algumas vezes eu seja gentil
posso ser muito emotiva.
Uma vez provocada
sou difícil de descartar.
Sou sempre adequada
sempre necessária.
Não tente livrar-se de mim.
Preciso ser reconhecida e ouvida.
EU SOU A RAIVA."
A deusa Sekhmet, com cabeça de leoa era temível. Reinava sobre grupos de gênios emissários armados com instrumentos cortantes, que percorriam à terra trazendo consigo a doença, a fome, a morte, sobretudo durante os períodos delicados do calendário, nas épocas de transição em que o mal se precipita: a passagem de um ano para outro, o fim de uma década, o fim do mês e até o fim do dia e o início da noite. Para apaziguar o furor da deusa, era preciso utilizar um amuleto ou uma estatueta que a representasse. A força maléfica transformava-se então em benéfica, o poder desembaraçava-se das suas escórias.
No último dia do ano a deusa era invocada e palavras eram recitadas sobre um retalho de linho fino, no qual estavam desenhados os deuses. O mago oferecia-lhes pão e cerveja, queimava incenso, fazia doze nós e colocava o tecido no pescoço de quem desejava ser protegido.

Sob o reinado de Amenófis III foram esculpidas muitas estátuas da deusa Sekhmet. A deusa é qualificada como "aquela cujo poder é tão grande quanto o infinito". Os epítetos presentes nas estátuas formam uma litania gigantesca que evoca uma Sekhmet-chama que repele a serpente e combate os inimigos do faraó. Uma força como esta é difícil de se manipular, porque pode destruir o mundo. Mas é graças a ela que o faraó conserva sua vitalidade. Está vivo entre os vivos, na condição de que Sekhmet seja apaziguada e dominada. Eis o motivo por que as estátuas de Sekhmet protegiam o acesso aos lugares sagrados, proibindo aos seres impuros e incapazes a entrada nos templos.

O ano ritual era encarnada pela serpente "uraeus! que, para simbolizar a multiplicidade dos dias, se desdobrava em 365 serpentes dispostas em torno da coroa real. Há 365 estátuas de Sekhmet: em cada dia é necessário conquistar os favores da deusa para que ela dispense uma energia positiva e proteja o faraó, o templo e até as moradias dos particulares.
MITOLOGIA
Rá, deus do Sol e soberano do Egito, reinava em sua cidade Annu em um esplendido palácio a bordo de sua suntuosa barca. Mas os milênios foram passando e Rá envelheceu e seus súditos ao vê-lo observavam:
- "Vejam como nosso Rei envelheceu! Seus ossos são prata, sua carne ouro e seus cabelos de autêntico lápis-lazúli."
Tal desrespeito indignou tanto o Rei, que um belo dia ele resolveu punir a humanidade. Convocou o "Concilio dos Deuses" para votarem e decidirem o que fazer.
Assim que o olho de Rá voltou-se contra os blasfemadores e eles fugiram, como previsto, para o deserto. Rá resolveu então chamar a deusa Hator e a transformou em Sekhmet (A Poderosa), feroz deusa da guerra com cabeça de leão, que partiu em busca dos fugitivos.

Sekhmet, ávida por sangue e fora de controle, promoveu tamanha carnificina que pôs em risco a continuidade da humanidade. Rá preocupado, sabia que deveria agir rápido para que tal desgraça não acontecesse. Enviou então, mensageiros a Elefantina para que colhessem uma enorme quantidade de uma espécie de grão vermelho, que foram acrescentados a uma grande quantidade de cerveja. Tal mistura foi imediatamente despejada e espalhada nos campos onde a deusa pretendia prosseguir com a matança.
Na manhã seguinte, quando ela apareceu e viu a inundação e seu belo rosto refletido no líquido, não resistiu, bebeu muito do estranho líquido e embriagada acabou dormindo.
Ao acordar, sua fúria havia passado e a terrível bebedora de sangue se transformara na gata Bastet, a bebedora de leite.

A deusa Sekhmet, era portanto, uma Divindade de três rostos (Hathor-Sekhmet-Bastet) e era adorada sob o nome de "Deusa do Norte", porque um de seus templos mais célebres, foi erguido no Norte do Egito. Era a deusa do Sangue que presidia a guerra e a medicina. Alguns sacerdotes-médicos, reivindicavam o título de "Sacerdotes-de-Sekhmet-a-Leoa" e exerciam sua arte só no recinto do templo de Mênfis.
Sekhmet é uma divindade antiga cuja personalidade é difícil de captar, porque ela pode ser a Vaca cósmica (Hathor) que dá à luz ao Sol e também a Leoa (Sekhmet) e a Gata (Bastet). Em Bastet, por exemplo, o que predomina é a doçura.

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